As fotos mais bonitas são as tiradas dos selvagens no lugar onde vivem porque o selvagem sempre encara a morte, encara a objetiva exatamente como encara a morte e não é cabotino nem indiferente. Sabe posar, enfrenta. Sua vitória está em transformar uma operação técnica num face-a-face com a morte. É isso que os torna objetos fotográficos tão fortes, tão intensos. Quando a objetiva não capta essa pose, essa obscenidade provocante de um objeto diante da morte, quando o objeito torna-se cúmplice da objetiva e o fotógrafo também se torna subjetivo, então acaba o grande jogo fotográfico. O exotismo morre. Hoje é muito difícil encontrar um sujeito ou até um objeto que não seja cúmplice da objetiva.
Jean Baudrilliard, "O Exotismo Radical",
in "A Transparência do Mal"
(Ensaios sobre os fenômenos extremos),
9a. edição, p. 159
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