03 julho 2014

Sessão História: o que já foi, nunca mais será

Quando estive no primeiro festival de Iacanga, nos idos de 1975, recebi um jornal chamado SOMA (Ano II número 3), que eu guardei. Não sei se foi de fato naquele festival ou nalgum dos shows que aconteciam no Ibirapuera ou na Igreja do Calvário, mas foi nessas épocas. Decidi escanear (55,4MB) e compartilhar o jornal. Acho que muitos irão gostar. Enfim, aproveitem, pois duvido que há algo semelhante na internet. Há um PDF que aprofunda um pouco a importância do SOMA no universo da imprensa alternativa / anarquista da época:
Jornal SOMA data desconhecida (clique para baixar)

18 fevereiro 2014

Lobo de Bovespa mesmo! O caso Brookfield

Brookfield decidiu fechar o capital. Isso significa retirar do mercado todas as ações que ela lançou. Evidentemente pagando para cada investidor o preço que eles consideram justo. Então, decidiram aumentar esse valor que estava nestes últimos meses girando em torno de 1,05 a 1,20 e ofereceram a cada acionista quase 20% a mais, com um preço de recompra a 1,60. Parece uma "BOA" oferta, né não?

Não é. O bom negócio, como em qualquer cassino, é da banca. Brookfield lançou suas ações em bolsa a 14 reais em 2006. Ou seja, arrecadaram 765 milhões de reais nesta oferta de ações. Agora recompram as ações a 1,60 e irão pagar apenas 87 milhões por isso. Um modesto lucro de quase 680 milhões em 8 anos. Nada mau, né não?

30 outubro 2013

Não gostei mais do que gostei do vídeo do bebê chorando

Novo viral no Youtube - segue o embebbed abaixo mas antes disso serei breve:
* gostei da simplicidade e espontaneidade do bebê em externar suas emoções e de seu rosto límpido e imaculado numa expressão de desamparo.
* não gostei da sociedade que transforma um momento íntimo desses num viral tipo margarina, apenas OUVINDO uma mãe que canta e VENDO um bebê emocionado.
* não gostei da mãe que deixa seu bebê preso à uma cadeira chorando enquanto ela segura uma câmera de vídeo e invade a privacidade do filho (ou filha - bebês como anjos não tem sexo.).
* não gostei da mãe, ela sim, livre, fazendo o que quer. Alguém perguntou ao bebê se ele quer passar por esta situação?
* não gostei da dedução óbvia que o bebê está chorando pela canção que a mãe canta. Acreditaria nisso se visse esta cena num plano aberto que mostra ambos, a mãe e seu bebê. (E se a mãe está cantando com uma máscara de demônio na cara? - apenas uma hipótese a pensar)
*não gostei do Youtube em propagar uma comoção fácil como essa.
* não gostei de saber que faço parte de uma sociedade tão medíocre que "compra" uma história que não conhece, uma mãe que não aparece e um bebê triste como se ele estivesse desde já emocionado pela música. Quem disse isso? Quem afirma isso? Quem defende esta tese? E se ele está chorando pq não consegue sair daquela maldita cadeira enquanto sua mãe está livre leve e solta?

16 junho 2013

Ação Pública contra a Policia Militar do Estado de São Paulo

amigos meus tiveram perdas consideráveis com o cancelamento de atividades devido às nuvens de gás provocadas pela ação estapafúrdia da polícia militar. Pergunto se não seria o caso de cada comerciário prejudicado abrir uma ação civel contra o estado solicitando ressarcimento de valores, recuperação de lucros não ocorridos? Não sei bem como isso funciona, mas se houvesse talvez uns 1000 processos desta natureza, a polícia pensaria melhor se é ou não hora de ficar jogando bombas indiscriminadamente.

12 maio 2013

Quem é Margot, pintora de Aquarelas?



As aquarelas de Margot,
um exercício de resiliência
Nascida em 1932 no bairro de Itaquera, filha de mãe luterana e pai católico (união sempre reprovada pela família paterna), aos cinco anos Margot teve que deixar o Brasil com seus pais e seu irmão de três anos, porque por recomendação médica, sua mãe com malária deveria habitar um lugar frio. Ignorando apelos de amigos e parentes, seu pai alemão decide levar toda a família à sua terra natal, Augsburgo, sul da Alemanha, em pleno inverno de 1937 e com a esposa grávida de Helga, que nasce logo após a chegada na Alemanha. Dois anos depois, Margot inicia sua vida escolar. Ao mesmo tempo começa a Segunda Guerra Mundial na Alemanha e – isto ela não sabe – seu futuro marido zarpou de Berlim há pouco com toda família, no último navio destino Brasil, evitando o envio a um campo de concentração.

Augsburgo não era alvo preferencial dos ataques das forças aliadas, situação que mudou drasticamente a partir de 1943. A cidade abrigava a indústria de aviões Messerschmitt. Assim, em fevereiro de 1944, a família de Margot sobrevive a uma semana de incêndios, resultado de um gigantesco bombardeio de quinze mil bombas lançadas por quase 2000 aviões americanos. Sem portas nem janelas e chamuscada pelo fogo, a casa de Margot foi uma das poucas que permaneceu de pé. Junto à multidão em fuga, a família recolhe roupas e bens essenciais.  Caminham entre brasas e escombros para o outro lado da cidade, onde o chefe do partido os aguardava. Seu pai era membro do Partido Nacional Socialista.

Os frequentes bombardeios pesam na decisão da família buscar refúgio em chácaras às margens da cidade, pertencentes a parentes. A mãe de Margot decide dividir a família: encaminha cada um dos filhos a diferentes lugares.  Graças ao bom desempenho escolar, Margot, já com onze anos, é convidada a ficar numa escola adaptada em um hotel nos Alpes. Por dois anos perde contato com a família. Apenas quando completa treze anos consegue uma licença especial por influência do partido, para visitar seus pais.

Regressa de trem, sozinha e sob intensos bombardeios. Ataques são constantes nestes últimos meses de guerra. Na estação de Augsburgo seu pai a espera. Outras pessoas não tiveram a mesma sorte. Naquele dia, Margot presencia a poucos metros da estação, uma mulher ser alvejada e cair morta sobre a neve. Retornam a casa de bicicleta, sob um frio de 20 graus abaixo de zero.

São dias caóticos, preenchidos por sirenes de ataque aéreo, amigos próximos sendo presos, outros mortos ou desaparecidos e o constante sair da cama quente para se esconder de pijama em abrigos gelados.  Certa vez uma bomba incendiária perfura a parede da casa, por sorte não explode. 6 meses mais tarde, Margot assiste ao nascimento do caçula logo ao final da guerra. E pela janela de seu quarto assiste à chegada dos americanos na cidade. É a alegria das crianças - pela distribuição de balas e chicletes e o temor das mulheres – contrastado aos frequentes fuzilamentos de nazistas nas ruas.

Nos próximos seis anos de reconstrução da Alemanha, Margot e sua irmã passam boa parte do dia escondidas no sótão, sem escada ou aquecimento, pois seu pai temia que americanos perversos as encontrassem em uma das frequentes revistas. Roupas costuradas pela mãe para os americanos pagam o documento de "desnazificação" do pai. Margot, da janela do sótão, assiste sua mãe desmaiar quando americanos destroem toda horta ao fundo da casa. Aos 18, jovem e questionadora, Margot convence a família a retornar ao Brasil.

Já em São Paulo opta por apagar o seu passado. Consegue trabalho de secretária em uma empresa de importação, onde conhece Gregor, recém contratado. Pouco depois, aos 19 anos, Margot já está casada e grávida. A polêmica desta união supera de longe a de seus pais: o casal muda-se para Pelotas, Rio Grande do Sul pois apenas a mãe de Margot e o pai de Gregor aceitam o casamento de uma filha de nazistas com um judeu. Para o restante da família o tempo fechou. A distância, cartas constantes e o nascimento dos filhos dissipam 4 anos de desavenças entre as famílias e no final de 1958, Margot e Gregor e seus dois filhos retornam a São Paulo. Todos convivem pacificamente. Serão dez anos como dona de casa quando decide voltar a trabalhar de secretária e iniciar aulas de pintura em cerâmica com uma professora chinesa.

Quarenta anos depois dessa primeira experiência artística, viúva e aposentada, retoma o prazer pela arte. Começa a frequentar o curso da UNAT – Universidade Aberta da Terceira Idade do Instituto Mackenzie de São Paulo, onde tem aulas de aquarela. Técnica preferida de Margot, expressa de forma sutil e suave a delicadeza feminina, totalmente paradoxal à sua história de vida.
Conheça alguns dos trabalhos de Margot clicando aqui.

Viste a exposição das Aquarelas de Margot no PLATIBANDA - Rua Mourato Coelho 1365, Vila Madalena.
Abre diariamente a partir das 18h - sábados e domingo a partir das 12h.
Fecha à 1h da manhã.

A exposição vai até dia 21 de maio.

23 novembro 2012

"viajando" em Sarajevo

Hoje viajei pelo Google Earth por Sarajevo. Viagem barata, custou uns 45 minutos do meu tempo e nada mais. Não peguei taxi, nem metrô nem avião. Só pilotei o mouse. Nessa viagem fantástica procurei um hotelzinho barato e algum ponto turístico. Hotel achei vários. Também achei o cemitério, ao lado da Faculdade de Medicina (sintomático) e do Estádio (idem) e do parque principal da cidade... tudo talequal. Agora o que mais chamou minha atenção foi o ponto turístico com mais informações de fotos e comentários dos usuários do Google Earth: a ponte onde foi assassinado um tal principe que deu início à Primeira Guerra Mundial. Bem... se isso é ponto turístico, pode até ser, mas um dos mais importantes, sei lá. Acho melhor esse povo procurar ponto turístico em Salvador. Deve ser mais animadinho. Mas como diria um bom amigo meu: "caduno, caduno".

13 outubro 2012

Recado

Txucarramã tem algo a dizer - Clique no PLAY!

06 outubro 2012

Vamos dançar todos juntos?

Talvez isso me tire do estado letárgico de coma virtual. Espero todos lá no dia 12 e 13 de outubro. Vão treinando que eu também estou treinando.

21 setembro 2012

360° o filme em visão de 720º

Não precisa muito para se descobrir que Antony Hopkins rouba a cena nesse filme que tem "algo" que não funciona. Fiquei tentando descobrir porque AH rouba a cena e não Maria Flor p.ex., que tem beleza e talento para isso. Acho que sei a resposta: assim como é comum em equipe de produção "à lá brazuka" ter uma necessidade de querer provar para todo resto que "nóis é foda", sem que isso realmente fosse tão necessário, também nossos atores e atrizes parece que sofrem do mesmo complexo de mindinho, e tentam provar a todo custo que são indicadores - às vezes até todos os dedos das mãos e pés. Mas - Deusducéu! - já sabemos faz tempo que não são apenas mindinhos (alguém duvida do talento de toda equipe de Fernando Meirelles?), por que querer provar o óbvio? Resultado: Na cena dos diálogos entre MF e AH, fica bem claro como MH baba um ovo para ser admirada por AH que nem se preocupa com isso. Faz o que precisava fazer, como diriam os manos "na humildade". Esses manos deveriam ensinar nossos atores e equipes a trabalhar "na humildade". Não temos que provar nada a ninguém. Basta fazer, como se fosse pra feijoada aqui do bar da esquina. Afinal, entre a feijoada da esquina e o talento de AH, não há diferença nenhuma. Cada um com suas qualidades.

17 agosto 2012

minha amiga italiana

minha amiga A.A. ficou 3 dias aqui com seu filho de 16 anos. Ele é o típico filho de família padovana. Sem ter muito o que fazer, sentou no meu note, pegou o mouse e desenhou com mouse mesmo. Eu que dificilmente acerto o "X" pra fechar um documento com o mouse só olhei e invejei. Um desses desenhos eu pedi para ele salvar.

No mais, ouvir italianos discutindo é muito mais legal que qualquer cena de novela brasileira. Madonna!!!


08 agosto 2012

Silêncio na CPI - Barulho no nosso bolso

É o meu...
É o seu...
É o nosso dinheiro que paga essa palhaçada das CPIs do silêncio. Pergunto: prá que levar adiante estas CPIs onde todos podem "obter o direito de ficar calado" ou até de mentir?
Ridículo.

24 julho 2012

A inofensiva Caneta está para a Propina assim como a inofensiva Maconha para a Cocaina

Tudo se resolve na reação à primeira ação. Se a reação para o primeiro trago da maconha foi "legal, gostei, mas prá mim tá bom" e fica nisso, não haverá outras drogas no futuro. Por outro lado, "mas é só isso? não tem nada mais louco, não?" é o passaporte pra continuar a escalada ao limite.
Da mesma forma há duas reações para a canetinha que o síndico recebe de brinde de qualquer fornecedor de serviços e produtos. "Valeu, obrigado. Vou entregar pro meu sobrinho, ele vai gostar" é uma reação inteligente a esse presentinho insosso. Porém muitos respondem: "mas... só essa canetinha?".
E abre-se mais uma porta para a relação "faustiana" de um novo corrupto que vendeu sua alma na lama da propina para alcançar seus (e de seus próximos) fins escusos.
Enquanto houver rato que gosta desse tipo de carniça, esse Fausto não morre nunca.

16 julho 2012


TEMPORADA DE MORTES

Caetano Veloso
Chico Buarque
Gal Costa
Maria Bethânea
Belchior
Rita Lee
Jorge Mautner
Luis Melodia
Edu Lobo
Gilberto Gil
Tom Zé
...


Claro que faltam nomes aí em cima, mas são em sua maior parte oriundos dos anos 60, conhecidos senão no mundo todo, pelo menos na maior parte do Brasil, e todos eles – se eu for bom de matemática, por volta dos 70 anos, que sabemos ser uma idade onde nem tudo são flores.
Não tenho aqui interesse em ser dramático, nem amigo de coveiro, mas desde Tom Jobim não temos perdas na MPB em nível internacional. Tudo bem, vão lembrar de Wando, mas convenhamos: comparar Wando com Tom Jobim, nem vou comentar.
Meu pensamento segue noutras pairagens – neste Brasil varonil famoso em saber destruir muito melhor que construir. Sistema “Pinheirinho” de fazer cultura. Como diz o bordão: “Pinheirinho somos todos nós!” Esta frase é reveladora, significa que todos nós estamos sendo destruídos e ninguém lembra o que houve. Como nossos ídolos (“ainda são os mesmos”) e os Pinheirinhos nos deixam em longos hiatos de tempo, talvez não percebamos a importância que a existência destes nos proporciona.
Basta ver fotos do Anhangabaú de hoje com o Anhangabaú de 1920 para entender o que significa destruir os “Pinheirinhos”. Assim desaparecem nossos ícones, nossos ídolos, nossas histórias e lembranças.
E aí vem a reflexão: para nascer todos levam a princípio o mesmo tempo, vá-lá, os 271 dias normais. Mas prá morrer, bem... basta estar vivo.
Lembro do meu avô, 78 anos, ligou para VEJA, reclamando que ela não chegou, e deste jeito teve um ataque cardíaco (acho que essa expressão não existe mais) fulminante e do jeito que reclamou, ficou sentado na cadeira.
Ou meu tio vivendo em uma cidade do interior do Paraná, ótimo padrão de vida, nem 50 anos completos, saiu da porta de sua casa, indo até o portão para buscar o leite que foi entregue e lá ficou, dessa para melhor.
Aí pensei: já pensou? vai que... (parafraseando aquele comercial) – vai que Deus, se realmente há um Deus, decide nos fazer cair na real, e leva todos eles ao mesmo tempo? Ou com diferenças mínimas de dias entre um e outro? Como este país vai ficar? Quem iremos ouvir? Com quem iremos sonhar?
Por isso gosto de lembrar daquela música que diz que “o melhor lugar do mundo é aqui e agora”. O que lamento é que nós achamos que essas pessoas são imortais, que nunca irão desaparecer, assim como os Pinheirinhos, vieram para ficar, e de repente não estão mais lá. Pensamos alguns dias sobre isso e esquecemos. Queria ver quanto tempo levaria um pensamento se perdêssemos todos eles de repente.
Querer ir a um show que não vai mais ter, ouvir uma entrevista que não vai acontecer, ler um texto de algum deles que não será mais escrito.
E saber o que a história (não) nos reserva, fazendo-nos lembrar partes de um e nada de outros, como sempre, como tudo.
Talvez pela vergonha e pelo constrangimento que passamos diariamente ao ver como este país é administrado por nossos políticos, não sabemos valorizar o que temos, apenas o que perdemos. Igual a antigas namoradas, ou antigos namorados, e assim vai. Espero que não passemos por isso, mas...
Vai que...