13 setembro 2010

ARGUMENTOS FALACIOSOS

Incansavelmente Paulo Nagai atendia doentes e pesquisava sobre radiatividade. Temendo os bombardeios, enviara as crianças para a casa da avó. Há muito não os via. Pensava que logo mais seria a hora do almoço. De repente, uma aeronave rasga o céu, todos se preparam para os costumeiros estrondos dos bombardeios mas ....

Fez-se escuro seguido de inusitado clarão. O relógio marcava 11 horas e dois minutos. Nem houve chance de refazer-se do susto de Hiroshima. A bomba atirada em Nagasaki foi ainda maior: plutônio 239. Em segundos tudo veio abaixo: 90% dos prédios destruídos. Em seguida uma estranha chuva negra.

Paulo Nagai permaneceu três dias socorrendo as vítimas no hospital semidestruído. Só no quarto dia conseguiu retornar a sua casa. Tudo havia sido incendiado. Abaixou-se e, num balde, recolheu os ossos que restaram da esposa. Dias depois, na casa da avó, sua filha perguntava sobre a demora da mãe em levar o pijama novo que lhe prometera. Nagai morreu de leucemia sem ver os filhos crescerem.

Argumentos falaciosos justificam as guerras e sua continuidade. O general MacArthur, comandante das tropas aliadas do Pacífico, durante a segunda guerra, afirmou em 1960: "Não havia nenhuma necessidade militar de empregar a bomba atômica em 1945". Por sua vez, afirmou Eisenhower a um jornalista: “os japoneses estavam prontos para render-se e não era necessário atacá-los com essa coisa horrível",. Foi um comportamento bárbaro próprio da Idade média, disse o almirante William D. Leahy.

Os Estados Unidos seguiram com suas “guerras justas”. Em 1964 Lindon Johnson declarou que os vietnamitas haviam atacado navios estadunidenses no golfo de Tonkin. Após a carnificina de que tivemos notícia, seu ministro da defesa, Robert McNamara declarou que não houve o ataque em Tonkin.

Não havia sentimentos humanitários em defesa do Kwait quando o exército estadunidense atacou o Iraque. Após o fim da guerra, o exército continuou, por uma década, bombardeando os civis com fósforo branco matando milhares e milhares de crianças. Bush, com baixos percentuais de aprovação, atacou o Iraque sob o argumento da existência de armas de destruição em massa que, sabemos, nunca existiram. Como na invasão do Vietnã, republicanos e democratas se uniram em torno da guerra: subiu a cotação do presidente belicoso. Deus colocou o petróleo em lugar errado: sob as areias do Afeganistão, do Iraque.

O combate ao narcotráfico da Colômbia é outro argumento falacioso. Assim como no Afeganistão, a produção de drogas aumentou desde o ataque e a ocupação pelo exército estadunidense.

Agora o ministro da guerra declarou que o exército estadunidense está pronto para invadir o Irã para impedir a produção de armas atômicas. Único país a detonar bombas nucleares sobre alvos civis (Hiroshima e Nagasaki), detentor de 513 gigantescas ogivas nucleares, os Estados Unidos não se esquecem que é no oriente médio que se escondem os maiores poços de petróleo e outras riquezas. Para tentar superar a crise que eles próprios produziram, precisam vender aos exércitos aliados o excesso de armas produzidas ao longo desse século. Se não podem instalar uma base militar em ponto estratégico como o Irã, a saída é atacá-lo e ocupá-lo.

Pedindo PAZ, a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade percorreu o mundo, de São Paulo (8 de março) até Ouagandougou, capital de Burkina Fasso, na África (17 de outubro). Não há guerra justa. De 16 a 23 de agosto, a Marcha Mundial das Mulheres coordena um encontro de mulheres na Colômbia pela desmilitarização, pelo fim das injustiças, pela solidariedade. Afinal, nas guerras, são as mulheres que pagam o preço mais alto.

Iolanda Toshie Ide

Um comentário:

Anônimo disse...

impossivel não chorar