09 agosto 2009
A Vida Secreta das Abelhas à Deriva = Separando Filmes
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Pensei em apagar o post mais abaixo depois que assisti a "A Vida Secreta das Abelhas", mas por uma questão apenas histórica e histérica, vou deixar. Curiosidade da Vida Secreta de Wetabax, decidi entrar em tudo que era porta artística aberta nesse findi, e acabei entrando nesse filme e prá fechar o dia (a tarde), na estréia de "Separação de Corpos" (nesse caso, uma peça de teatro). Depois de pensar nos 3 eventos (esses dois mais o do post abaixo), decidi jogar tudo num liquidificador e destilar o resultado em seguida.
Tanto AVSDA quanto ÀD (À Deriva) , têm como protagonistas centrais duas meninas de 14 anos. Ambas sofreram com visões existenciais, e ambos filmes se situam em passado recente (algo em torno de 1968-1978) - a diferença é que em AVSDA é bem mais cedo (aos 5 anos) que acontece a experiência dramática da protagonista, e é bem mais dolorosa. Falando em drama, ÀD perto de AVSDA parece filminho inocente de juventude sem causa ou sem calça, tanto faz. Mais: ÀD parece filme sem roteiro (um filme onde dois adolescentes se encontram sobre uma pedra de praia, olham o mar e ele vira pra ela e pergunta: "você vem sempre aqui?" só pode ser filme sem roteiro.)
Roteiro ou não, acho que qualquer família neo-moderna que vive entre ficar ou separar, ou que tem filhos entrando na adolescência, deveria pensar em ver ambos os filmes. Nesta ordem mesmo, primeiro o nacional (ÀD) e depois o americano (AVSDA). ET. Pode ser filme americano, mas sua diretora nada tem a ver com o mainstream dos blockbusters.
Não vou me alongar, hoje é dia dos pais, e nesses dois filmes, o pai é o herói/vilão das meninas fragilizadas. Aí, para encerrar, sugiro esta peça de teatro "Separação de Corpos", que estreou dia 8 de agosto no TUSP (Teatro da USP - R Maria Antonia 294), um monólogo escrito e atuado por Renata Mazzei. São 50 minutos de uma coreografia muito bem ensaiada entre caixas de mudança ou de ficança, onde cada objeto acidental/ocidental ganha força de armas orientais, onde cada gesto óbvio tenta ganhar valor como ritual ou cerimônia, e na verdade todo cerimonial acaba se provando como óbvio demais na estética milimétrica da atriz/personagem que domina todo cenário. O retalhamento dos objetos e das carnes em Separando Corpos seja talvez a melhor síntese que completa esse tríptico, e graças a Marx, ÀD e AVSDA são tese e antítese nessa dialética moderna que busca desesperadamente aquela coisa mais que batida, base de tudo desde sempre, desde antes desde depois, drama de todo indivíduo vivo, explicação da loucura universal, neurose coletiva resultante, aquilo, busca aquilo, onde foi que deixei mesmo...? cada um busca, ninguém acha, todos falam de, todos querem, tudo surgiu a partir disso.
Abusando da diacronia, é tudo que tem à venda no Kilt por umas mulheres que cobram cerca de R$ 100,00, tb tem na Rua Augusta por volta de R$ 50,00, tem no Café Photo por mais de R$ 200,00, tem cada vez mais lugar aqui e no mundo que vende o produto e tem também grandes personalidades que cobram mais de R$ 2000,00 por ele, afinal precisam aparecer distintas na Ilha de Caras... Eis enfim, o que era para ser sentimento, transformado em produto. Culpa de quem? De quem? De Maria Madalena que ficou famosa por fazer o marketing disso e Jesus Cristo por espalhá-lo pelo mundo no seu sentido mais puro, mas esse eu, você, nós todos queremos beber e procuramos desesperadamente e virou quase utopia e por isso não vou citar essa palavra nesse post. OK? Bom filme pra todos, e bom espetáculo teatral também. E corra, a peça só fica em cartaz até final de agosto.
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