Sintomático duas recentes críticas abordarem um desequilíbrio narrativo no episódio japonês do filme de Iñarritu. Críticos escrevem para o povo que os lê. Como falamos de média, povo medíocre precisa de críticas medíocres. Escreveram da mesma forma que a mídia retratada no filme cobre o “ataque terrorista” que acontece no Marrocos. Falam um monte e não dizem nada. O big-brother virtual em versão compacta. O olhar antropocêntrico da crítica medíocre é comparável a quem nos representa em Brasília. Reclamamos daqueles que elegemos. Eles são o que somos e acreditamos que não. Babel é um elogio ao silêncio. O silêncio de não PODER falar, mas QUERER. O silêncio de não poder ouvir e não querer.
Triste perceber que exatamente o elo conciliador dos três episódios é justamente o japonês, que concentra toda a força da impotência e solidão dentro do mar de prédios e gente. Ser solitário no deserto ou nas montanhas é fácil. Não querer ser solitário numa cobertura de uma gigantesca metrópole é bem mais difícil. Ficamos nus. Somente quem nasce surdo/mudo sabe o que é querer afeto. Somente quem vê a cidade do alto de uma cobertura sabe o que é ficar nu e ninguém entender. A história que a mídia quer contar e conta é tão interessante quanto a última tendência da estação (que estação?).
2 comentários:
Fantástico, Tabax! Finalmente alguém foi tão breve e preciso ao comentar esse filme.
Já nem leio mais as "críticas especializadas"...
ahhh... não se deixe enganar pelas minhas atualizações que na maioria das vezes são tapa buracos mesmo... faz tempo que não coloco algo de qualidade no blog... tb sofro a mesma perseguição de macunaima qdo me aproximo do micro
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