23 novembro 2012
"viajando" em Sarajevo
Hoje viajei pelo Google Earth por Sarajevo. Viagem barata, custou uns 45 minutos do meu tempo e nada mais. Não peguei taxi, nem metrô nem avião. Só pilotei o mouse. Nessa viagem fantástica procurei um hotelzinho barato e algum ponto turístico. Hotel achei vários. Também achei o cemitério, ao lado da Faculdade de Medicina (sintomático) e do Estádio (idem) e do parque principal da cidade... tudo talequal.
Agora o que mais chamou minha atenção foi o ponto turístico com mais informações de fotos e comentários dos usuários do Google Earth: a ponte onde foi assassinado um tal principe que deu início à Primeira Guerra Mundial. Bem... se isso é ponto turístico, pode até ser, mas um dos mais importantes, sei lá. Acho melhor esse povo procurar ponto turístico em Salvador. Deve ser mais animadinho. Mas como diria um bom amigo meu: "caduno, caduno".
13 outubro 2012
06 outubro 2012
Vamos dançar todos juntos?
Talvez isso me tire do estado letárgico de coma virtual. Espero todos lá no dia 12 e 13 de outubro. Vão treinando que eu também estou treinando.
21 setembro 2012
360° o filme em visão de 720º
Não precisa muito para se descobrir que Antony Hopkins rouba a cena nesse filme que tem "algo" que não funciona. Fiquei tentando descobrir porque AH rouba a cena e não Maria Flor p.ex., que tem beleza e talento para isso. Acho que sei a resposta: assim como é comum em equipe de produção "à lá brazuka" ter uma necessidade de querer provar para todo resto que "nóis é foda", sem que isso realmente fosse tão necessário, também nossos atores e atrizes parece que sofrem do mesmo complexo de mindinho, e tentam provar a todo custo que são indicadores - às vezes até todos os dedos das mãos e pés. Mas - Deusducéu! - já sabemos faz tempo que não são apenas mindinhos (alguém duvida do talento de toda equipe de Fernando Meirelles?), por que querer provar o óbvio? Resultado: Na cena dos diálogos entre MF e AH, fica bem claro como MH baba um ovo para ser admirada por AH que nem se preocupa com isso. Faz o que precisava fazer, como diriam os manos "na humildade". Esses manos deveriam ensinar nossos atores e equipes a trabalhar "na humildade". Não temos que provar nada a ninguém. Basta fazer, como se fosse pra feijoada aqui do bar da esquina. Afinal, entre a feijoada da esquina e o talento de AH, não há diferença nenhuma. Cada um com suas qualidades.
17 agosto 2012
minha amiga italiana
minha amiga A.A. ficou 3 dias aqui com seu filho de 16 anos. Ele é o típico filho de família padovana. Sem ter muito o que fazer, sentou no meu note, pegou o mouse e desenhou com mouse mesmo. Eu que dificilmente acerto o "X" pra fechar um documento com o mouse só olhei e invejei. Um desses desenhos eu pedi para ele salvar.
No mais, ouvir italianos discutindo é muito mais legal que qualquer cena de novela brasileira. Madonna!!!
No mais, ouvir italianos discutindo é muito mais legal que qualquer cena de novela brasileira. Madonna!!!
08 agosto 2012
Silêncio na CPI - Barulho no nosso bolso
É o meu...
É o seu...
É o nosso dinheiro que paga essa palhaçada das CPIs do silêncio. Pergunto: prá que levar adiante estas CPIs onde todos podem "obter o direito de ficar calado" ou até de mentir?
Ridículo.
É o seu...
É o nosso dinheiro que paga essa palhaçada das CPIs do silêncio. Pergunto: prá que levar adiante estas CPIs onde todos podem "obter o direito de ficar calado" ou até de mentir?
Ridículo.
Ou seja:
corrupção,
política geral
24 julho 2012
A inofensiva Caneta está para a Propina assim como a inofensiva Maconha para a Cocaina
Tudo se resolve na reação à primeira ação. Se a reação para o primeiro trago da maconha foi "legal, gostei, mas prá mim tá bom" e fica nisso, não haverá outras drogas no futuro. Por outro lado, "mas é só isso? não tem nada mais louco, não?" é o passaporte pra continuar a escalada ao limite.
Da mesma forma há duas reações para a canetinha que o síndico recebe de brinde de qualquer fornecedor de serviços e produtos. "Valeu, obrigado. Vou entregar pro meu sobrinho, ele vai gostar" é uma reação inteligente a esse presentinho insosso. Porém muitos respondem: "mas... só essa canetinha?".
E abre-se mais uma porta para a relação "faustiana" de um novo corrupto que vendeu sua alma na lama da propina para alcançar seus (e de seus próximos) fins escusos.
Enquanto houver rato que gosta desse tipo de carniça, esse Fausto não morre nunca.
Da mesma forma há duas reações para a canetinha que o síndico recebe de brinde de qualquer fornecedor de serviços e produtos. "Valeu, obrigado. Vou entregar pro meu sobrinho, ele vai gostar" é uma reação inteligente a esse presentinho insosso. Porém muitos respondem: "mas... só essa canetinha?".
E abre-se mais uma porta para a relação "faustiana" de um novo corrupto que vendeu sua alma na lama da propina para alcançar seus (e de seus próximos) fins escusos.
Enquanto houver rato que gosta desse tipo de carniça, esse Fausto não morre nunca.
Ou seja:
corrupção,
política social
16 julho 2012
TEMPORADA DE MORTES
Caetano Veloso
Chico Buarque
Gal Costa
Maria Bethânea
Belchior
Rita Lee
Jorge Mautner
Luis Melodia
Edu Lobo
Gilberto Gil
Tom Zé
...
Claro que
faltam nomes aí em cima, mas são em sua maior parte oriundos dos anos 60,
conhecidos senão no mundo todo, pelo menos na maior parte do Brasil, e todos
eles – se eu for bom de matemática, por volta dos 70 anos, que sabemos ser uma
idade onde nem tudo são flores.
Não tenho
aqui interesse em ser dramático, nem amigo de coveiro, mas desde Tom Jobim não
temos perdas na MPB em nível internacional. Tudo bem, vão lembrar de Wando, mas
convenhamos: comparar Wando com Tom Jobim, nem vou comentar.
Meu
pensamento segue noutras pairagens – neste Brasil varonil famoso em saber
destruir muito melhor que construir. Sistema “Pinheirinho” de fazer cultura.
Como diz o bordão: “Pinheirinho somos todos nós!” Esta frase é reveladora,
significa que todos nós estamos sendo destruídos e ninguém lembra o que houve.
Como nossos ídolos (“ainda são os mesmos”) e os Pinheirinhos nos deixam em
longos hiatos de tempo, talvez não percebamos a importância que a existência
destes nos proporciona.
Basta ver
fotos do Anhangabaú de hoje com o Anhangabaú de 1920 para entender o que
significa destruir os “Pinheirinhos”. Assim desaparecem nossos ícones, nossos
ídolos, nossas histórias e lembranças.
E aí vem
a reflexão: para nascer todos levam a princípio o mesmo tempo, vá-lá, os 271
dias normais. Mas prá morrer, bem... basta estar vivo.
Lembro do
meu avô, 78 anos, ligou para VEJA, reclamando que ela não chegou, e deste jeito
teve um ataque cardíaco (acho que essa expressão não existe mais) fulminante e
do jeito que reclamou, ficou sentado na cadeira.
Ou meu
tio vivendo em uma cidade do interior do Paraná, ótimo padrão de vida, nem 50
anos completos, saiu da porta de sua casa, indo até o portão para buscar o
leite que foi entregue e lá ficou, dessa para melhor.
Aí
pensei: já pensou? vai que... (parafraseando aquele comercial) – vai que Deus,
se realmente há um Deus, decide nos fazer cair na real, e leva todos eles ao
mesmo tempo? Ou com diferenças mínimas de dias entre um e outro? Como este país
vai ficar? Quem iremos ouvir? Com quem iremos sonhar?
Por isso
gosto de lembrar daquela música que diz que “o melhor lugar do mundo é aqui e
agora”. O que lamento é que nós achamos que essas pessoas são imortais, que
nunca irão desaparecer, assim como os Pinheirinhos, vieram para ficar, e de
repente não estão mais lá. Pensamos alguns dias sobre isso e esquecemos. Queria
ver quanto tempo levaria um pensamento se perdêssemos todos eles de repente.
Querer ir
a um show que não vai mais ter, ouvir uma entrevista que não vai acontecer, ler
um texto de algum deles que não será mais escrito.
E saber o
que a história (não) nos reserva, fazendo-nos lembrar partes de um e nada de
outros, como sempre, como tudo.
Talvez pela vergonha e pelo constrangimento que passamos diariamente ao ver como este país é administrado por nossos políticos, não
sabemos valorizar o que temos, apenas o que perdemos. Igual a antigas
namoradas, ou antigos namorados, e assim vai. Espero que não passemos por isso,
mas...
Vai que...
31 maio 2012
O livro de Garanhuns - isso vai virar filme...
O melhor site que traz uma cronologia bem interessante do caso de Garanhuns está em http://oaprendizverde.com.br/?p=4732.
E consegui juntar uma grande parte do livro "Revelações de um Esquizofrênico" e transformei num PDF que pode ser baixado aqui.
Boa leitura. Para quem quer entender os limites da mente humana, um prato cheio.
Simplesmente não há limites.
E consegui juntar uma grande parte do livro "Revelações de um Esquizofrênico" e transformei num PDF que pode ser baixado aqui.
Boa leitura. Para quem quer entender os limites da mente humana, um prato cheio.
Simplesmente não há limites.
Ou seja:
comportamento,
psicologia,
sexualidade
29 maio 2012
Malemolência e Privilégios das Operadoras de Celular
Em celulares pós pagos, já repararam que se temos um saldo de digamos R$ 40,00 a vencer no mês seguinte e um saldo de R$ 100,00 a vencer daqui a 3 meses, as operadoras primeiro usam o saldo com vencimento mais distante para depois usar o mais próximo. Interessante, né? Qué moleza? Abra uma operadora de celular... Alô ANATEL? Vocês já acordaram?
Ou seja:
defesa do consumidor,
telefonia,
vivo celulares
15 abril 2012
"Anunciação" de Alceu Valença - adaptação livre
Uma nova "Anunciação" (espero que goste, grande Valença!)
[em homenagem ao "trator" da Nova Luz]
[em homenagem ao "trator" da Nova Luz]
Na bruma leve das visões
Que vem do centro
Tu vens chegando
Prá acabar com meu quintal
No meu cavalo
Vou recolhendo
Nossas roupas no varal
Nuvens, nuvens
Eu já escuto os temporais
Nuvens, nuvens
Eu já escuto os temporais
A voz do raio
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais
Nuvens, nuvens
Eu já escuto os temporais
Nuvens, nuvens
Eu já escuto os temporais
05 abril 2012
Sao Paulo Mundo Cão = "Blog do Tsavkko" (reproduzindo)
São Paulo Mundo Cão <--- link oficial da matéria
-------
São Paulo, quinta-feira, dia primeiro de março, por volta das 20 horas.
Saio de um hospital próximo da Avenida Paulista com minha namorada depois de passar o dia com meu avô, que irá passar por uma operação no dia seguinte para remover de vez um maldito câncer contra o qual vem lutando. Nada pior do que, no auge de seus 76 anos, ter de passar por algo assim.
Então saímos do hospital para uma curta caminhada até a Consolação para tomar um ônibus para casa, tensos, preocupados, mas esperançosos pelo dia que viria. Nem bem demos alguns passos e de forma quase alegórica, avistamos uma sem-teto seminua, apenas com uma camisa roxa e mais nada, sem dentes e aparentemente sofrendo de graves problemas mentais deitada - ou mesmo estatelada - ao lado do prédio do Banco Central.
Curioso, até alegórico uma situação tão absurda ao lado do centro de poder econômico e financeiro da nossa economia, a sexta do mundo, mas de uma desigualdade gritante e absurda. Abjeta.
A mulher, que nos disser não ter sequer 50 anos, parecia ter 70 - ou mais. Perdida, morava na rua desde que pode se lembrar. Baiana, mais uma vítima da cidade de São Paulo, que sabe atrair nordestinos, engolí-los sem mastigar e depois defecá-los, como pedaços de merda. Mas não só nordestinos, claro. Negra, como a maior parte daqueles que sofrem até hoje nas mãos da elite branca.
Encostada numa parede, mais exatamente na porta de uma agência bancária - outra ironia cruel - a pobre sem-teto gritava contra inimigos invisíveis, dizia repetidamente que tinha "gente" querendo sair pelas suas pernas cobertas de machucados e que, por isso, havia tirado sua saia em algum lugar da cidade e se encontrava daquele jeito. Exposta, vulnerável e ignorada.
Pessoas passavam e olhavam com um sorriso irônico, um "freak-show" tipicamente paulista. Clientes do banco onde ela em frente jazia olhavam ora com desprezo, ora com indiferença e sacavam seu dinheiro ao passo que tudo parecia caminhar na mais completa e total normalidade.
Nos aproximamos e começamos a conversar com ela. Minha namorada tentava tirar informações dela: Nome, onde vivia - na rua -, porque estava naquela situação - era a "gente" que saía dela -, se queria ir a um hospital - havia saído naquele dia de um, mas não sabia qual. Sem dúvida deveria ser denunciado. Conseguimos pouca coisa.
Eu tuitava, denunciando a situação e buscava telefones para saber pra quem poderíamos ligar em auxílio.
Ligamos para o SAMU (192) e este nos respondeu... 5 horas depois. E tiveram a cara de pau de perguntar se a pobre mulher ainda estava lá. Talvez se não tivéssemos dito que se tratava de uma sem-teto o atendimento fosse mais rápido. Mas não quero tirar conclusões precipitadas pois sei do trabalho que faz o SAMU e de como são ocupados. Mas mesmo assim...
Um senhor que passava tentou ligar para a Assistência Social da prefeitura. Depois de ficar pendurado no 156 (telefone dos serviços da Prefeitura) e de ter a ligação cortada e números errados passados, conseguiu ligar para acabar com uma atendente que o chamava de grosso e dizia que não poderia fazer nada, que a pobre mulher é quem deveria pedir ajuda!
Ele, corretamente, dizia que cabia ao Estado fazer seu papel, de garantir auxílio à ela e que não estava sendo grosso, apenas exigindo ser ouvido e que se fizesse algo. Não faço idéia se a Assistência Social fez algo ou se simplesmente ignorou completamente, com faz o poder público de São Paulo.
Aliás, minto, São Paulo não ignora seus sem-teto, seus mendigos. Os trata como lixo e os marginaliza ainda mais. Prefeitura os criminaliza, população não os vê, ou se os enxerga, ri, passa sem se preocupar. Não é com eles. O sofrimento humano é apenas algo normal, alguns devem ficar pra trás.
Uma senhora que acompanhava tudo foi até uma loja do outro lado da rua e comprou uma calcinha e um vestido para a pobre mulher, e um lanche numa lanchonete próxima.
Engraçado é que tanto o senhor, quanto a senhora que, sem dúvida, fizeram aquilo que achavam que podiam, só se aproximaram da pobre mulher no chão quando nós o fizemos. Não penso mal deles por isso, mas compreendo. Há um distanciamento claro entre "nós" e os "párias" sociais. Há um estranhamento que dificilmente é superado. É preciso um pequeno passo, uma pequena demonstração de humanidade e finalmente algo se move.
Posso estar errado. Sem duvida. Mas me permito ao menos tentar entender.
Neste meio tempo um homem, também sem teto, se aproximou, perguntando se iríamos a levar para casa. De início achei ofensivo, mas ele explicou: A pobreza extrema leva a loucura. O abandono, a solidão. Ou seja, nada do que fizéssemos alteraria a realidade. Poderíamos dar comida, dinheiro, roupas... Mas nada alteraria sua realidade de sofrimento. Sua história.
Dei dez reais a ele. Mas acho que o principal foi ouví-lo. Dizia ser solitário, ter sido abandonado até pelos pais e há 20 anos vivia na rua. sofria todo tipo de preconceito, de violência e ameaças de morte apenas por existir. Depois da curta conversa ele me estendeu a mão, meio receoso que eu fosse talvez sentir nojo, afinal, eu, um rapaz de classe média apertar a mão de um sem teto que não tomava banho ha dias!
Apertei com gosto e senti vontade de abraçá-lo. De ouví-lo mais. De poder... fazer alguma coisa. por ele e por todos em uma situação simplesmente incompatível com a ideia de humanidade.
Alimentada dentro do possível naquele momento e vestida, com a promessa de que esperaria pela ajuda, a deixamos, com os corações apertados. voltamos para nossas casas confortáveis, para nossas vidas e deixamos tudo pra trás, toda a degradação da sociedade e da cidade, toda a miséria e a tristeza que só um mundo cão pode proporcionar.
Seu nome, caso interesse a alguém, era Adriana, pelo que ela nos contou. Mais uma vítima de São Paulo, do Brasil, do Capitalismo e do descaso. Um ser humano com nome e com direito à dignidade. Mas este direito lhe foi negado, como a milhões de brasileiras e brasileiros, abandonados neste boom econômico que a tantos nubla a visão e a capacidade crítica.
No momento em que escrevia, na madrugada do mesmo dia, não sabia se ficariam bem. Felizmente hoje, um mês depois, sei que meu avô se recupera, mas nada sei da Adriana...
-------
São Paulo, quinta-feira, dia primeiro de março, por volta das 20 horas.
Saio de um hospital próximo da Avenida Paulista com minha namorada depois de passar o dia com meu avô, que irá passar por uma operação no dia seguinte para remover de vez um maldito câncer contra o qual vem lutando. Nada pior do que, no auge de seus 76 anos, ter de passar por algo assim.
Então saímos do hospital para uma curta caminhada até a Consolação para tomar um ônibus para casa, tensos, preocupados, mas esperançosos pelo dia que viria. Nem bem demos alguns passos e de forma quase alegórica, avistamos uma sem-teto seminua, apenas com uma camisa roxa e mais nada, sem dentes e aparentemente sofrendo de graves problemas mentais deitada - ou mesmo estatelada - ao lado do prédio do Banco Central.
Curioso, até alegórico uma situação tão absurda ao lado do centro de poder econômico e financeiro da nossa economia, a sexta do mundo, mas de uma desigualdade gritante e absurda. Abjeta.
A mulher, que nos disser não ter sequer 50 anos, parecia ter 70 - ou mais. Perdida, morava na rua desde que pode se lembrar. Baiana, mais uma vítima da cidade de São Paulo, que sabe atrair nordestinos, engolí-los sem mastigar e depois defecá-los, como pedaços de merda. Mas não só nordestinos, claro. Negra, como a maior parte daqueles que sofrem até hoje nas mãos da elite branca.
Encostada numa parede, mais exatamente na porta de uma agência bancária - outra ironia cruel - a pobre sem-teto gritava contra inimigos invisíveis, dizia repetidamente que tinha "gente" querendo sair pelas suas pernas cobertas de machucados e que, por isso, havia tirado sua saia em algum lugar da cidade e se encontrava daquele jeito. Exposta, vulnerável e ignorada.
Pessoas passavam e olhavam com um sorriso irônico, um "freak-show" tipicamente paulista. Clientes do banco onde ela em frente jazia olhavam ora com desprezo, ora com indiferença e sacavam seu dinheiro ao passo que tudo parecia caminhar na mais completa e total normalidade.
Nos aproximamos e começamos a conversar com ela. Minha namorada tentava tirar informações dela: Nome, onde vivia - na rua -, porque estava naquela situação - era a "gente" que saía dela -, se queria ir a um hospital - havia saído naquele dia de um, mas não sabia qual. Sem dúvida deveria ser denunciado. Conseguimos pouca coisa.
Eu tuitava, denunciando a situação e buscava telefones para saber pra quem poderíamos ligar em auxílio.
Ligamos para o SAMU (192) e este nos respondeu... 5 horas depois. E tiveram a cara de pau de perguntar se a pobre mulher ainda estava lá. Talvez se não tivéssemos dito que se tratava de uma sem-teto o atendimento fosse mais rápido. Mas não quero tirar conclusões precipitadas pois sei do trabalho que faz o SAMU e de como são ocupados. Mas mesmo assim...
Um senhor que passava tentou ligar para a Assistência Social da prefeitura. Depois de ficar pendurado no 156 (telefone dos serviços da Prefeitura) e de ter a ligação cortada e números errados passados, conseguiu ligar para acabar com uma atendente que o chamava de grosso e dizia que não poderia fazer nada, que a pobre mulher é quem deveria pedir ajuda!
Ele, corretamente, dizia que cabia ao Estado fazer seu papel, de garantir auxílio à ela e que não estava sendo grosso, apenas exigindo ser ouvido e que se fizesse algo. Não faço idéia se a Assistência Social fez algo ou se simplesmente ignorou completamente, com faz o poder público de São Paulo.
Aliás, minto, São Paulo não ignora seus sem-teto, seus mendigos. Os trata como lixo e os marginaliza ainda mais. Prefeitura os criminaliza, população não os vê, ou se os enxerga, ri, passa sem se preocupar. Não é com eles. O sofrimento humano é apenas algo normal, alguns devem ficar pra trás.
Uma senhora que acompanhava tudo foi até uma loja do outro lado da rua e comprou uma calcinha e um vestido para a pobre mulher, e um lanche numa lanchonete próxima.
Engraçado é que tanto o senhor, quanto a senhora que, sem dúvida, fizeram aquilo que achavam que podiam, só se aproximaram da pobre mulher no chão quando nós o fizemos. Não penso mal deles por isso, mas compreendo. Há um distanciamento claro entre "nós" e os "párias" sociais. Há um estranhamento que dificilmente é superado. É preciso um pequeno passo, uma pequena demonstração de humanidade e finalmente algo se move.
Posso estar errado. Sem duvida. Mas me permito ao menos tentar entender.
Neste meio tempo um homem, também sem teto, se aproximou, perguntando se iríamos a levar para casa. De início achei ofensivo, mas ele explicou: A pobreza extrema leva a loucura. O abandono, a solidão. Ou seja, nada do que fizéssemos alteraria a realidade. Poderíamos dar comida, dinheiro, roupas... Mas nada alteraria sua realidade de sofrimento. Sua história.
Dei dez reais a ele. Mas acho que o principal foi ouví-lo. Dizia ser solitário, ter sido abandonado até pelos pais e há 20 anos vivia na rua. sofria todo tipo de preconceito, de violência e ameaças de morte apenas por existir. Depois da curta conversa ele me estendeu a mão, meio receoso que eu fosse talvez sentir nojo, afinal, eu, um rapaz de classe média apertar a mão de um sem teto que não tomava banho ha dias!
Apertei com gosto e senti vontade de abraçá-lo. De ouví-lo mais. De poder... fazer alguma coisa. por ele e por todos em uma situação simplesmente incompatível com a ideia de humanidade.
Alimentada dentro do possível naquele momento e vestida, com a promessa de que esperaria pela ajuda, a deixamos, com os corações apertados. voltamos para nossas casas confortáveis, para nossas vidas e deixamos tudo pra trás, toda a degradação da sociedade e da cidade, toda a miséria e a tristeza que só um mundo cão pode proporcionar.
Seu nome, caso interesse a alguém, era Adriana, pelo que ela nos contou. Mais uma vítima de São Paulo, do Brasil, do Capitalismo e do descaso. Um ser humano com nome e com direito à dignidade. Mas este direito lhe foi negado, como a milhões de brasileiras e brasileiros, abandonados neste boom econômico que a tantos nubla a visão e a capacidade crítica.
No momento em que escrevia, na madrugada do mesmo dia, não sabia se ficariam bem. Felizmente hoje, um mês depois, sei que meu avô se recupera, mas nada sei da Adriana...
24 março 2012
Não só de Michel Teló vive a música no Brasil
Que grata surpresa. Duas horas e vinte de música de qualidade oferecida pela nossa Orquestra Sinfonica do Estado de São Paulo. Primeiro concerto gravado com a nova maestrina Marin Alsop. Mas vai ficar por pouco tempo no YouTube. Apenas um mês. Portanto, vejam logo, ou aprendam a baixar vídeos no youtube. Recomendo assistir com a qualidade melhor (clique no solzinho abaixo do quadro, para alterar a qualidade).
Bom concerto.
Bom concerto.
06 março 2012
ECAD - como eu esperei por isso...
Ecad é condenado a ressarcir noiva por cobrança em casamento
Entidade tem 15 dias para recorrer da sentença, que pode abrir precedentes para eventos semelhantesLívia Brandão
Publicado: 29/02/12 - 17h41
Atualizado: 1/03/12 - 15h28
RIO - Depois de quase dez anos de uma união que gerou três filhos, a advogada Kadja Brandão Vieira e o ex-oficial da Marinha Renato José da Cunha Faria decidiram enfim celebrar o casamento. Para sediar a festa, marcada para o dia 27 de novembro de 2010, escolheram as instalações da Ilha Fiscal. Ao assinar o contrato de locação, a noiva foi informada de que deveria pagar uma taxa referente aos direitos autorais das músicas que viriam a ser trilha sonora do enlace. Além do vestido, bufê e todas as altas despesas geradas por uma festa deste porte, Kadja e o marido desembolsaram mais R$ 1.875, destinados ao ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição, o Ecad. Passadas as comemorações, os dois decidiram entrar com um processo contra a cobrança do Ecad e, nesta terça-feira, segundo nota publicada na coluna de Ancelmo Gois, o juiz Paulo Roberto Jangutta, do 7º Juizado Especial Cível do Rio, condenou o Ecad a indenizar Kadja e Renato em R$ 5 mil, além de devolver a quantia paga pelo casal.
Veja também
- Ecad diz repassar para casas de festas cobrança de direitos autorais em casamentos
- Ecad deve R$ 3,5 milhões a autor, diz perícia
- Era digital da música pune os artistas que não fazem shows
- Twitter: Siga @OGlobo_Cultura
Para o magistrado, o casamento é, por definição, "uma festa íntima, na qual inexiste intenção lucrativa, seja de forma direta ou indireta. Festas de casamento podem ser realizadas com fim religioso, como celebração de um ritual civil ou como mera comemoração de uma realização pessoal, porém, não lhes é inerente qualquer aspecto empresarial, ainda que se trate de um evento de alta produção", escreveu Jangutta em sua sentença, abrindo precedentes para que outros cônjuges também questionem o pagamento judicialmente. A partir de agora, o Ecad tem dez dias para pagar o valor devido ou mesmo recorrer da sentença. Especialista em Direito marítimo, Kadja conta que em nenhum momento durante os preparativos para o casamento concordou com a cobrança.
- Quando soube da existência desta taxa, me senti lesada. Até pela forma como a cobrança é feita: me enviaram um formulário por e-mail, preenchi, mandei de volta para o Ecad com uma cópia do contrato do aluguel do espaço e recebi um boleto de pagamento. Não tive a oportunidade de negociar e nem mesmo de entender a que aqueles R$ 1.875 se referiam. - contou a advogada ao GLOBO, por telefone.
Relatos de festas que teriam sido interrompidas por decisão do Ecad intimidaram os noivos, que decidiram acatar a decisão.
- Quando você organiza uma festa de casamento, você tem mil coisas para decidir e resolver, brigar na Justiça não é uma opção. Só recebi o boleto de pagamento numa sexta-feira à noite, na vespéra do casamento e me desesperei, porque já não tinha como pagar àquela hora. Fiz minha mãe subir ao altar com um o talão de cheques na bolsa, estava tudo pronto para o caso de os fiscais do Ecad aparecerem. Felizmente isso não aconteceu, mas na volta da lua de mel precisei entrar em contato com eles novamente para pedir uma segunda via do boleto e então efetuar o pagamento. Se eu não pagasse, havia o risco de eles cobrarem da Marinha, responsável pela Ilha Fiscal.
Resolvida a questão, Kadja enfim decidiu entrar com um processo para reaver o dinheiro junto ao Ecad. Segundo a advogada, que representou a si mesma no processo, o valor cobrado foi calculado não com base nas horas ou na quantidade de músicas tocadas, mas em cima de uma porcentagem do valor pago pelo aluguel do salão.
- Se eu fizesse minha festa no playground do meu prédio ninguém iria me importunar, pois a lei discrimina que festas realizadas em domicílio ou mesmo em igrejas são familiares, mas o Ecad encontrou uma brecha para cobrar a taxa de casamentos realizados em outros locais. Ou seja, porque juntei dinheiro a vida toda para fazer a festa dos meus sonhos, eu teria que pagar um valor extorsivo e sem fundamento. Nem o DJ da festa recebeu cachê, foi um amigo que nos fez a trilha como um presente, os impostos acabaram saindo ainda mais caros.
Com a contestação da cobrança, os noivos esperam servir de exemplo para mais casais ou mesmo realizadores de eventos sem fins lucrativos e que, portanto, não estão ganhando com a execução de músicas durante o evento.
- Estou disposta a orientar quem precisar, minhas amigas que estão de casamento marcado já me procuraram pedindo ajuda. Faço questão de comprar essa briga porque não acho justo - completou a advogada, que esperou por três meses até a divulgação da sentença. Procurado pela reportagem de O GLOBO, o Ecad ainda não se pronunciou.
* Colaborou Eduardo Almeida
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/ecad-condenado-ressarcir-noiva-por-cobranca-em-casamento-4103620#ixzz1oFoTlbWO
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14 fevereiro 2012
MMM = MEDICINA MEDÍOCRE MUNDIAL
Esse é um POST sem pesquisa, sem certeza de nada e vou dizer já: espero que eu esteja MUITO ERRADO. Ao post: tenho dores, vou ao médico, em 10 minutos, ele me faz umas 4 perguntas, me manda fazer exames. Volto duas semanas depois, exames prontos, fala mais uns 5 minutos, me dá uma lista de remédios e/ou cremes, diz pra voltar daqui a seis meses e fim.
Nisso temos que especificar:
* para cada problema há um médico específico.
* o médico de um problema não tem a mínima idéia do que outro médico de outro problema disse ou fez.
* o médico de um problema não tem a mínima idéia dos outros problemas que tenho.
E ISSO, ENQUANTO A SANTISSIMA NOSSA SENHORA INTERNET existe há mais de 20 anos!!!
Será que só minha cabecinha de melão consegue ir um pouco além desse pensamento minúsculo e imaginar um grande banco de dados medicinal mundial, onde cada indivíduo pode ali fazer um loggon e inserir as respectivas dores ou mudanças em seu corpo que ele percebe, assim como atividades que iniciou ou parou, e isso, somado aos diagnósticos médicos e remédios recebidos?
Parto do princípio da minha cultura YOGI que sustenta poder se reduzir ou protelar muitos sintomas que vem com a idade, como cancer de próstata, através de exercícios específicos - no caso do cancer de próstata, exercícios que envolvem a ativação maior dos esfincteres. (não, não é dar a rabiola, mentes poluídas!).
Mas aí penso o que um banco de dados deste vulto geraria para a Pesquisa Medicinal:
1) melhoria de muitas pesquisas profiláticas
2) combinação de sintomas e soluções
3) a existência de uma espécie de "clínico geral virtual" que concentra e sabe de todas informações médicas de determinada família ou grupo.
4) resultados homeopáticos, alopáticos ou mesmo alternativos para certas moléstias ou dores.
E QUEM MAIS IRIA SER PREJUDICADO COM UM TRABALHO DESSES?
Em primeiro lugar, a indústria farmacêutica e em seguida o bolso de nossos doutores.
Logo, não há nenhum interesse que algo semelhante seja implantado. Permanece o padrão MMM do título, CQD. (como queríamos demonstrar)
Nisso temos que especificar:
* para cada problema há um médico específico.
* o médico de um problema não tem a mínima idéia do que outro médico de outro problema disse ou fez.
* o médico de um problema não tem a mínima idéia dos outros problemas que tenho.
E ISSO, ENQUANTO A SANTISSIMA NOSSA SENHORA INTERNET existe há mais de 20 anos!!!
Será que só minha cabecinha de melão consegue ir um pouco além desse pensamento minúsculo e imaginar um grande banco de dados medicinal mundial, onde cada indivíduo pode ali fazer um loggon e inserir as respectivas dores ou mudanças em seu corpo que ele percebe, assim como atividades que iniciou ou parou, e isso, somado aos diagnósticos médicos e remédios recebidos?
Parto do princípio da minha cultura YOGI que sustenta poder se reduzir ou protelar muitos sintomas que vem com a idade, como cancer de próstata, através de exercícios específicos - no caso do cancer de próstata, exercícios que envolvem a ativação maior dos esfincteres. (não, não é dar a rabiola, mentes poluídas!).
Mas aí penso o que um banco de dados deste vulto geraria para a Pesquisa Medicinal:
1) melhoria de muitas pesquisas profiláticas
2) combinação de sintomas e soluções
3) a existência de uma espécie de "clínico geral virtual" que concentra e sabe de todas informações médicas de determinada família ou grupo.
4) resultados homeopáticos, alopáticos ou mesmo alternativos para certas moléstias ou dores.
E QUEM MAIS IRIA SER PREJUDICADO COM UM TRABALHO DESSES?
Em primeiro lugar, a indústria farmacêutica e em seguida o bolso de nossos doutores.
Logo, não há nenhum interesse que algo semelhante seja implantado. Permanece o padrão MMM do título, CQD. (como queríamos demonstrar)
Ou seja:
burocracia,
opinião,
política social
28 janeiro 2012
Retroescavadeiras e Operadores
Qual o salário de um operador de retroescavadeira? Muito maior que de um trabalhador que morava no Pinheirinho? O que passa na cabeça de um ser-humano com este trabalho para aceitar derrubar sem dó nem piedade a casa de milhares de pais de família que lá possuem seus bens? O que leva a um operador de retroescavadeira, ainda não contente em derrubar uma casa com todos os pertences, amassar com seu equipamento a geladeira que sobrou na demolição? Os neurônios que existem nestes funcionários me parecem semelhantes àqueles que durante a 2a. Guerra Mundial matavam familias inteiras e perguntados simplesmente respondiam: "eu recebi ordens, eu cumpro ordens." Impressionante que ainda exista, em pleno século XXI, pessoas que não tem o mínimo senso de ética e de justiça. Agem ligando o "piloto automático" e não se questiona pedidos. Lamentável que assim seja. O vídeo fala por si. /p
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